segunda-feira, 25 de maio de 2015

Pirilampo, vaga-lume ou luze-cu


Há fenómenos na natureza difíceis de entender ou, pelo menos, difíceis de explicar a um miúdo de oito anos. Porque é que a lua também aparece de dia? Porque é que o céu fica cor-de-rosa ao final da tarde? Há mesmo um pote com ouro no final do arco-íris? E uma mãe desdobra-se em explicações, umas com base empírica, outras com base científica e com recurso à preciosa ajuda da internet ou de livros empoeirados esquecidos nas prateleiras da sala.
Com a chegada das noites amenas de Primavera chegam também os pirilampos ao nosso quintal. Todas as noites piscam num frenesim que parece reflectir na terra um céu estrelado. As perguntas não se fizeram esperar. Porque é que eles vêm para aqui? Porque dão luz? Para que dão luz? O que comem? Porque é que se chamam pirilampos? Quando é que se vão embora? E, se juntássemos muitos num frasco podíamos substituir uma lâmpada?
Tentei responder-lhe na mesma ordem. Vêm para aqui porque não há poluição e eles gostam de lugares assim, sem luzes por perto e com muita vegetação. A luz que dão resulta de uma reacção química na qual uma substância, denominada luciferina, é transformada por acção da enzima luciferase. É uma reacção tão perfeita que quase não envolve produção de calor, praticamente toda a energia é transformada em luz. Os mais novos usam a luz como protecção, para avisar os predadores que têm substâncias químicas nocivas. Nos adultos a luz é usada para atrair parceiros ou presas. Comem outras espécies de pirilampos, caracóis e vermes. Chamam-se pirilampos mas também são conhecidos como vaga-lume ou luze-cu, o nome científico é lampyris noctiluca e a palavra lampyra, de origem grega, significa portador de lanterna. Nunca se vão embora, mas só os podemos ver entre Maio e Setembro. Depois de acasalarem as fêmeas depositam os ovos na terra ou na vegetação. Eclodem poucos dias depois e assim surgem as larvas que ficam escondidas no solo durante o Inverno e saem na Primavera seguinte. Quanto à última questão... Hum, talvez sim, mas não íamos fazer isso aos bichos pois não? Pergunto eu desta vez. Responde com um sorriso e um sonoro CLARO QUE NÃO! Era só curiosidade.




quinta-feira, 14 de maio de 2015

dia da espiga

Dia da Espiga, dia de renovação. O ramo do ano passado foi queimado como manda a tradição e, há tardinha, quando o Gaspar chegou da escola, fomos apanhar os ingredientes para um ramo novo: espiga de trigo (para nunca faltar o pão), ramo de oliveira (para haver paz), malmequeres amarelos (simbolizam o ouro, para não faltar dinheiro) e papoilas (símbolo da alegria).



terça-feira, 12 de maio de 2015

abelharucos

Como grande parte das aves migratórias, o abelharuco (merops apiaster) chegou, vindo de África, em meados do mês de Março. Estas aves inconfundíveis no canto, enchem de cores os céus do campo até ao final do Verão. Trabalhadores incansáveis, mal chegam começam logo a preparar o ninho. Gostam de fazer ninhos em túneis escavados na terra, em ribanceiras, taludes ou muros. Há alguns aqui no quintal e todos os anos têm sido usados, não sei se pela mesma família, se por descendentes aos quais passam a informação geneticamente, se apenas por oportunistas que se apoderam dos melhores ninhos ao estilo "quem primeiro chega primeiro enche". Aqui têm fartura do seu prato favorito, as abelhas, que por sua vez se alimentam da sua flor preferida, a alfazema. No topo do barranco onde fazem ninho há dezenas de alfazemas plantadas. Sem saber criámos as condições ideais para que se sintam em casa. As fotografias com a cria à espera de alimento são do ano passado. Para as deste ano ainda é preciso esperar mais um mês.





quarta-feira, 6 de maio de 2015

chamar as burras pelos nomes


Quem segue na Nacional 269, voltando costas às praias de Albufeira, tem uma bela surpresa à esquerda, algures entre Algoz e Tunes. Chama-se Quinta dos Avós e é um lugar mágico, com jardim botânico, museu rural, doces, chás, doces regionais, licores, doces e mais doces, de amêndoa, de figo, de alfarroba. Mas a grande atracção do lugar são duas simpáticas burras no curral do quintal das traseiras.
A pequena Estrelinha, com um ano e meio, foi baptizada pelos clientes e visitantes que foram convidados a escolher entre uma lista com algumas dezenas de hipóteses. Lembro-me bem de ter escolhido Alfarroba, que, segundo a Dona Encarnação, proprietária, também foi um nome muito votado. Na altura, a mãe Andorinha (na foto) estava muito ciosa da sua cria e não deixava ninguém aproximar-se dela.
Dezoito meses depois, as burras, mãe e filha, continuam a ser a atracção principal da Quinta e, apesar de no museu rural se encontrarem alguns apetrechos para albardar burros, elas não trabalham, "só comem", como diz a dona. E há tanta coisa boa para comer na Quinta dos Avós. Já vos falei dos doces?
(texto escrito para o Lifecooler, a propósito do Dia do Burro que se comemora a 8 de Maio)

segunda-feira, 4 de maio de 2015

work in progress

Há um ano lançaram-me o desafio de remodelar e decorar uma casa inteira, um apartamento T3 na zona de Lisboa. Posso revelar agora dois ou três pormenores para aguçar a curiosidade. O resultado final e a grande revelação, com fotos, muitas fotos, do antes e do depois, fica para breve.