segunda-feira, 28 de julho de 2014

postes e posts

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A poucos dias de ser a blogger convidada do Lifecooler, e partindo do princípio que algumas pessoas vão entrar no quimaterapia pela primeira vez, convém esclarecer algumas questões. A primeira é talvez o nome do blogue, que nada tem a ver com terapias utilizadas no tratamento de doenças cancerígenas. Quimaterapia surgiu como um trocadilho com os nomes Quim, diminutivo de Joaquim, meu marido, e Marta, eu. O blogue e o que nele publicava em 2007, quando o iniciei, eram trabalhos que nos serviam de terapia. Uma forma de fugir à rotina do dia-a-dia. A segunda questão são os parcos posts. Um recém chegado pode achar o blogue escasso em conteúdos. Uma blogger que se preze não tem meses com apenas dois posts. O motivo não é preguiça, nem falta de assunto. É mesmo falta de rede. 
Vou-vos contar um segredo. Não digam a ninguém, até porque ninguém iria acreditar e poderiam passar por tolos. Para falar ao telemóvel tenho que sair de casa. É verdade que é mais complicado no Inverno, com chuva e frio, mas no Verão também não é fácil, andar de telefone na mão à procura de rede, mais a Sul, mais a Norte, conforme está o vento. Para ter internet, o filme torna-se ainda mais cómico, ou melhor, trágico-cómico. Tenho um cabo USB de três metros em que uma extremidade entra no portátil (um eufemismo, uma vez que não o posso tirar do mesmo lugar) e na outra coloco a pen, bem protegida do sol e da chuva com um saco de plástico, e atiro-o, literalmente para o telhado. Começa a pesca. Se o mar estiver de feição consigo uma pescaria de três tracinhos, se não recolho ao cais de convés vazio. É o que acontece com maior frequência, daí os poucos posts
Agora estão vocês a pensar "mas porque raio não instala ela um telefone fixo com internet?" A pergunta é simples, mas a resposta é muito complicada. O pedido foi feito à PT há quatro anos, e já tem mais episódios que uma novela da TVI. Ao que parece são necessários seis postes para trazer a rede fixa até aqui. Em tempo de vacas gordas a PT não olhava a gastos e instalava um telefone fixo em qualquer ermo. Mas esse tempo já lá vai. E, agora, a empresa que apregoa que a instalação é gratuita para o cliente, diz-nos que não pode satisfazer o pedido porque não há infra-estrutura. "Quer desistir do pedido?" pergunta a menina do outro lado do telefone. E eu, lá no alto do monte, respondo "NÃO". Afinal a esperança é a última a morrer.


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