A poucos dias de ser a blogger convidada do Lifecooler, e partindo do princípio que algumas pessoas vão entrar no quimaterapia pela primeira vez, convém esclarecer algumas questões. A primeira é talvez o nome do blogue, que nada tem a ver com terapias utilizadas no tratamento de doenças cancerígenas. Quimaterapia surgiu como um trocadilho com os nomes Quim, diminutivo de Joaquim, meu marido, e Marta, eu. O blogue e o que nele publicava em 2007, quando o iniciei, eram trabalhos que nos serviam de terapia. Uma forma de fugir à rotina do dia-a-dia. A segunda questão são os parcos posts. Um recém chegado pode achar o blogue escasso em conteúdos. Uma blogger que se preze não tem meses com apenas dois posts. O motivo não é preguiça, nem falta de assunto. É mesmo falta de rede.
Vou-vos contar um
segredo. Não digam a ninguém, até porque ninguém iria acreditar e poderiam
passar por tolos. Para falar ao telemóvel tenho que sair de casa. É verdade que
é mais complicado no Inverno, com chuva e frio, mas no Verão também não é
fácil, andar de telefone na mão à procura de rede, mais a Sul, mais a Norte,
conforme está o vento. Para ter internet, o filme torna-se ainda mais cómico,
ou melhor, trágico-cómico. Tenho um cabo USB de três metros em que uma
extremidade entra no portátil (um eufemismo, uma vez que não o posso tirar do
mesmo lugar) e na outra coloco a pen,
bem protegida do sol e da chuva com um saco de plástico, e atiro-o,
literalmente para o telhado. Começa a pesca. Se o mar estiver de feição consigo
uma pescaria de três tracinhos, se não recolho ao cais de convés vazio. É o que
acontece com maior frequência, daí os poucos posts.
Agora estão vocês a pensar "mas porque raio não instala
ela um telefone fixo com internet?" A pergunta é simples, mas a resposta é
muito complicada. O pedido foi feito à PT há quatro anos, e já tem mais
episódios que uma novela da TVI. Ao que parece são necessários seis postes para
trazer a rede fixa até aqui. Em tempo de vacas gordas a PT não olhava a gastos
e instalava um telefone fixo em qualquer ermo. Mas esse tempo já lá vai. E,
agora, a empresa que apregoa que a instalação é gratuita para o cliente,
diz-nos que não pode satisfazer o pedido porque não há infra-estrutura.
"Quer desistir do pedido?" pergunta a menina do outro lado do
telefone. E eu, lá no alto do monte, respondo "NÃO". Afinal a
esperança é a última a morrer.
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